O que me inquieta a ponto de ter vontade de escrever um texto - e inaugurar uma newsletter? Como uma leitora assídua desde criança, já aconteceu muitas vezes de um livro ressoar em mim mesmo depois de fechá-lo, mas, dessa vez, resolvi concretizar essa vontade. Ainda estou aprendendo sobre a plataforma, mas vamos lá!
Na última semana li Cara Paz, da Lisa Ginzburg, e a narrativa sobre infância, a relação entre irmãs e quem nos tornamos como adultos, mesmo após a última página, continuou me levando para a Itália - e para o lugar da minha infância. Nesse meu imaginário, a saudade e, talvez, a nostalgia pintam tudo meio de sépia.
Nesse caso, não foi que me senti propriamente refletida nas irmãs Madda e Nina, que vivem uma (des)estrutura familiar peculiar, mas é engraçado como o tempo funciona e como os dias da infância e adolescência aparecem batendo na porta dos nossos pensamentos de supetão, sem serem convidados.
Lembro perfeitamente de um inverno na casa em que passávamos todas as nossas férias em família e que pensei no marasmo que vivíamos naqueles dias, sem amigos para encontrar, sem nada muito importante para fazer e para lembrar no futuro com aquela angústia de ter que viver grandes histórias. Hoje, me lembro mais dessas férias do que todo outros dias do ano na escola. Tenho muito mais carinho por esses dias de férias, sinto que foram eles que me moldaram muito mais do que todos os outros dias daqueles anos.
Quando penso na liberdade que pude gozar nessa época, acordando cedo sem despertador para ler na piscina do condomínio, indo comprar o pão quentinho na melhor padaria do mundo (que, infelizmente, não existe mais), ir nas dunas para ver o pôr do sol e aproveitar um último mergulho do dia, me sinto muito feliz por ter vivido exatamente como vivi. Sei que na época eu queria me encaixar, me enquadrar e, apesar de ter conseguido criar amizades, fico impressionada como eu era tão determinada em fazer as coisas que eu queria, do meu jeito, no meu tempo - que loucura essa personalidade tão forte de uma adolescente.
Termino essa reflexão com a vontade de recuperar um pouquinho mais de quem fui. Ao mesmo tempo, com a consciência de que só sou quem sou hoje, por causa dessa adolescente.
Coisas boas por aí
Além do pouco que tenho a dizer, achei que seria legal compartilhar, sem muito compromisso, algumas coisas que tenho lido, visto, ouvido por aí, que possam interessar:
Cara Paz: a leitura foi para o clube do livro da Salvo + História Guardada. Nosso encontro de discussão acontecerá no dia 26.10 pelo Zoom. Mês que vem leremos A Corneta, e o clube é aberto aos interessados.
Mergulho na adolescência: news da Babi que fala sobre sobre essa fase de muita intensidade que é a adolescência.
Eu não ando só: texto da Vivi sobre relacionamentos.
tirei o domingo pra me atualizar nos seus textos e eu simplesmente tô saudosa pela melhor padaria do mundo que não existe mais e que eu fiquei com vontade de conhecer. sua reflexão sobre a adolescência me lembrou um texto da Élide (a vida acontecendo), e me fez pensar de novo sobre a Vivi dos seus 15, 16 anos. aguardando as próximas edições, amei essa e fiquei super feliz com a indicação! ❤️