Como comentei há algumas semanas, rolou o incrível curso sobre o romance Pessoas Normais da Sally Rooney ministrado pela
e organizado pela , que amei participar. Em uma das aulas, abordamos o conceito de romance de formação e a forma como Pessoas Normais se encaixa ou não nesse molde.Antes de mais nada, é preciso dizer que é claro que protagonistas ou histórias sobre jovens existem muito antes da consolidação do gênero no século XVIII. Em estilos anteriores, a juventude era apenas um detalhe na construção do personagem. Enquanto, só arranhando a superfície desse tema, o romance de formação inaugura uma centralidade dessa juventude na narrativa, o ser jovem é um ponto chave para história.
E acho isso tão interessante! Como o ser jovem é uma fase que compõe um gênero literário só para si, que vários autores se debruçam sobre a relevância dessa fase que é digna de ser reconhecida como uma fase formadora - e não o tempo corrido e a loucura que parecem ser enquanto estamos vivendo.
E, depois de algumas semanas dessa aula, esse pensamento ficou ressoando na minha mente. Como seria meu ou o seu romance de formação? O que vivemos nesse período que pavimenta quem seremos como adultos?
Mesmo ainda me considerando jovem em qualquer padrão atual, me pego voltando aos meus anos de formação que, para esse exercício, consideraremos os anos entre o ensino médio e a formatura da faculdade.
No meu caso, além dessa fase estranha de se jogar no mundo, tentar se entender como pessoa, sair da bolha do colégio, também carrego o marco do falecimento do meu pai. O que, como bem disse a Babi, é difícil não vermos manifestações discretas do trauma.
E, olhando para trás, percebo como as relações de amizades mudaram de ritmo, algumas ficando para trás nos tempos de colégio, outras perseverando e ainda novas que foram forjadas em uma outra rotina. Certos relacionamentos já não cabiam mais nessa fase, não estávamos mais naquela sintonia do colégio em que tudo parecia tão mais simples. Não foi nenhuma ruptura gritante e explosiva, só o silêncio, o distanciamento, a ausência. Será que o convívio era tudo o que nos unia ou fomos crescendo mesmo em direções opostas? Para cada amizade, cada um desses fatores pode ter um peso diferente, sei lá, mas eu só sei que foi assim.
Ao mesmo tempo, foi a fase em que vivi o primeiro relacionamento amoroso sério, o que geralmente nos faz tentar entender quem você é sozinho e quem você é dentro desse relacionamento. E, longe de ser o mais saudável, confesso que me parecia indissociável nessa época. Talvez seja coisa de ser jovem e não saber muito mesmo, talvez seja muita urgência de se dar completamente justamente enquanto ainda se tem muito tempo e muitas experiências para viver, ou por ser um porto seguro em uma fase que tudo parece estar mudando.
Viver todo esse embrulho de experiências, em que ser jovem e se entregar e tentar e errar e se descobrir uma nova versão de si depois de tudo isso é mesmo algo digno de nota. Claro que gente pode se reinventar a qualquer idade, mas é impressionante como o ser humano volta a esses anos para tentar se entender.
Será que quem eu fui nessa fase faz jus a um romance de formação? Em minha defesa, aqui está o resumo que nem chega a ser sinopse desses anos, mas me parece fazer sentido chamar de “formação”, vejo muito do sou hoje se construiu a partir do gostei de mim e do que aprendi a agir ou lidar de outro jeito.
E, querendo ou não, a vida vai acontecendo, primeiros amores terminam, as longas férias de verão acabam e os janeiros passam a ser vividos em escritórios [ou insira aqui o seu local de estágio/trabalho] e encerram essa tentativa de romance.
Na caixinha de características do romance de formação tradicionalmente há um marco final de evolução e amadurecimento desses protagonistas, como em um final feliz com um grande casamento, como em Emma, que a partir daí terá uma vida já meio previsível, sem surpresas ou grandes emoções. E essa é a parte meio claustrofóbica da coisa: se eu já passei dessa fase, será que toda a minha personalidade e meu futuro já estão definidos?
Para meu sincero alívio, nas nossas aulas, discutimos como, na nossa geração, esse final definido não é compatível com a nossa realidade e isso já se reflete em alguns romances, como Pessoas Normais.
E estou no time de achar que a vida ainda dá muito caldo depois desse romance das nossas vidas. Os tradicionais anos de formação são só o primeiro volume dessa saga, que não tem mais uma resolução definitiva e uma vida já escrita, e os anos por vir ainda trazem surpresas, experiências novas e muita vida.
Sim, porque nunca fiz isso antes: essa edição maravilhosa da
que fala sobre viver a vida sem essa caretice de se achar adulto demais. E, ciente de que eu sempre falo que sou uma senhora, foi meu chamado a deixar isso de lado de vez em quando:Seiva: novo projeto do Daniel Lameira com newsletter diárias de criatividade, cursos diversos desde produção editorial a desenhos. Estou me aventurando no curso “Processos” do Lourenço Mutarelli mesmo sem ter muitas habilidades no desenho e tenho arrancado risadas de mim nas minhas tentativas.
G&T: em homenagem ao ser jovem, segue o passo a passo do gin tônica que fazemos aqui em casa, não é um bicho de sete cabeças, mas acredito piamente que faz a diferença:
Colocar um bom punhado de gelo em um copo/taça.
Despejar uma dose de gin - gin bom é outra história e minha recomendação é esse da dengo, sim, a loja de chocolate.
Completar com uma boa água tônica - eu prefiro tônica zero.
Misture bem!
Descascar uma lasca de limão siciliano e dar uma leve torcida com a casca pra baixo.
Esfregar a lasca na borda copo e depois colocar no drink.
Bata uma palma com um raminho de alecrim fresco entre as mãos e aproveite o raminho para uma nova misturada.
Aqui em casa finalizamos com zimbro e voilà!
aiii adorei <3 obrigada pelo carinho e pela presença!
e nossa, vou testar essa receita aí!!!!