As fotos - ou vídeos, a depender do algoritmo do momento - inundam o cotidiano de qualquer pessoa com redes sociais. É a nova forma de comunicação, de status, até de flerte, a brincadeira “se não postar, não aconteceu” levada a sério, sem perceber - a vida vira (e se limita?) apenas às fotos e vídeos compartilhados nas redes.
Ao ponto de um mar de gente na Champs Elysée ver a virada do ano através das telas, ao invés de ver a magia desse momento. Isso por que, às vezes, o importante não é viver uma experiência feliz, mas parecer e compartilhar que se vive uma grande experiência.
Esse assunto por si só dá pano para manga, mas falo sem radicalismos, porque acredito ser possível registrar e viver e, claro que, dentre as milhares de pessoas que gravavam a virada, várias também se dispuseram a realmente viver e celebrar.
Eu mesma sempre amei tirar fotos, rs. Para mim - e sei que para muita gente também -, as fotos sempre tiveram uma função importante muito antes do falecido orkut e da ressignificação do uso de fotos em redes. Acho que gosto tanto da ideia de materializar aqueles momentos, porque a minha memória não é das melhores e poder rever viagens, encontros, detalhes de um dia que me inspiraram a tirar uma foto específica, tudo isso me transporta de volta no tempo. Fotos são cápsulas do tempo.
Sempre mantive muito organizadas as minhas pastas de fotos ao longo dos anos, tenho registros catalogados desde 2009 no hd externo, para garantir a sobrevivência delas - fotos da época de escola, festas de 15 anos, verões na adolescência. Sem querer apelar a um saudosismo piegas dos velhos tempos, o problema é que, agora, proporcionalmente à melhora das câmeras em telefones, o número de fotos beira o infinito.
E, quando temos tantos registros de tudo e qualquer coisa, como conseguimos achar aquelas fotos que são capazes de nos transportar? Não que tenham que ser de grandes momentos, podem ser fotos de coisas rotineiras, mas até isso se perde entre as dez mil imagens de whatsapp que você já recebeu.
Foi aí que minhas pastas e qualquer organização degringolaram, rs. Confesso que não tenho nenhuma resposta definitiva, afinal, vamos continuar tirando fotos e mais fotos e nos perdendo nesse mar de registros. E, com isso, elas vão perdendo um pouquinho mais a função de preservar uma memória.
O jeito seria voltar às origens e revelar fotos em álbuns, filtrando periodicamente os registros que devem ser preservados? No plano das ideias, eu acho uma ótima solução, o difícil é realmente lembrar e colocar em prática (apesar de achar que vale o tempo).
Atualmente estou em uma tentativa de, minimamente, organizar as fotos dos últimos anos. Por aqui, todas as fotos na câmera do telefone são automaticamente salvas na nuvem e separo em algumas pastas específicas por ano (eventos de modo geral; viagens específicas; aniversário), outras tantas sem uma classificação (selfies ou fotos cotidianas aleatórias) ficam só no rolo geral da nuvem. Nesse toada, estou aproveitando para filtrar algumas fotos que quero revelar também!
Seja como for, as conclusões que posso fazer hoje são: tentar ser organizada com o arquivo de fotos; mas não perder tanto tempo assim tirando fotos, o importante é a gente aproveitar aquele show, viagem, encontro dos amigos na versão ao vivo.
Gosto muito de fotos e de selecionar a cada virada de ano as mais significativas, um resumo em imagens dos momentos inesquecíveis! O meu desafio de 2024 será selecionar 40, uma para cada ano da dupla Cê & Lein…